O Brasil poderá ter um prejuízo de 3,6 trilhões de reais até 2050 por causa do aquecimento global. A conta foi feita por onze instituições acadêmicas e científicas no estudo Economia da Mudança do Clima no Brasil: Custos e Oportunidades, a ser divulgado nesta quarta-feira. A perda, equivalente a pelo menos um ano de crescimento econômico, ocorrerá se não forem adotadas medidas de redução de impacto ambiental em atividades como a agricultura e a geração de energia na Amazônia e outras regiões do país.
De acordo com o levantamento, a perda projetada para o país com as mudanças climáticas significaria uma redução do PIB em 2,3% em 2050.
O estudo, realizado ao longo de dois anos, teve a colaboração de várias instituições reconhecidas, como o Instituto de Pequisas Espaciais (Inpe), a Universidade de São Paulo (USP), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Fórum Brasileiro de Desenvolvimento Sustentavel e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Inspirada no Relatório Stern, estudo britânico que em 2006 calculou o custo da mudança climática em 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, a pesquisa brasileira partiu de cenários desenhados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Os setores agrícola e energético estão entre os setores mais vulneráveis aos prejuízos do aquecimento global. Se nada for feito para adaptar a produção às mudanças do clima, todas as culturas – com exceção da cana-de-açúcar – sofrerão redução das áreas com baixo risco de produção. Para as lavouras de café, o percentual seria de 18% e, para a soja, chegaria a 30%. A perda anual na agricultura poderia passar de 10 bilhões de reais.
O custo da falta de ações para o setor energético também será alto. Com a redução da vazão dos rios, o sistema elétrico vai perder capacidade de geração, principalmente nas regiões Nordeste e Norte.
Nas zonas costeiras, a elevação do nível do mar pode causar prejuízos de até 207,5 bilhões de reais até 2050 com a perda de patrimônio.
Para a Amazônia, o levantamento estima perda de até 38% das espécies, além de 26 bilhões de reais a menos por ano com a perda de 12% dos serviços ambientais. O cenário considera a redução de 40% da cobertura vegetal da floresta, que, segundo o IPCC, deverão ser transformados em savana.
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