sábado, 30 de outubro de 2010

A PALHAÇADA DO PALHAÇO.

Eleito deputado federal pelo PR com 1,3 milhão de votos, Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, admitiu à Justiça que teve ajuda para redigir o documento em que afirma ser alfabetizado. De acordo com a edição desta quinta-feira do jornal O Estado de S. Paulo, Tiririca informou que foi sua mulher quem o ajudou a escrever a declaração.

Isso porque, segundo a defesa do deputado eleito, os anos de trabalho no circo provocaram em Tiririca uma lesão que dificulta a aproximação do dedo polegar do indicador. A defesa foi entregue na segunda-feira ao juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira, da 1.ª Zona Eleitoral de São Paulo.

Tiririca é acusado de falsificar o documento em que tentava provar saber ler e escrever, requisito obrigatório para ser candidato a cargo público. Um laudo elaborado pelo Instituto de Criminalística a pedido do promotor eleitoral Maurício Antonio Ribeiro Lopes detectou que "o autor dos manuscritos examinados possui uma habilidade gráfica maior do que aquela que ele objetivou registrar ao longo do texto da declaração".

A defesa do deputado eleito também se baseia em laudos e pareceres de fonoaudiólogos e psicólogos. Os especialistas analisaram o que os advogados de Tiririca classificam como uma dificuldade de dicção dele – e seus reflexos. Os profissionais ainda explicaram as consequências que a origem familiar humilde teve na formação educacional do palhaço.

Caso se comprove que Tiririca não sabe ler nem escrever, o deputado poderá ser condenado a cinco anos de reclusão e pagamento de multa por “omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais”. No dia 3 de outubro, ele foi eleito com a maior votação do país.

Para o promotor Maurício Ribeiro Lopes, não restam dúvidas de que o palhaço é analfabeto e fraudou não só o documento entregue à Justiça como também a carteira de habilitação que tirou em 1996, na mesma semana em que sua mãe, Maria Alice Oliveira Silva, declarou a VEJA que o filho sabia apenas “desenhar o nome”. Assim como para ser candidato a deputado, saber ler e escrever é critério para dirigir no território nacional.
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