O Globo noticiou no sábado: numa casa à beira do lago Paranoá, em Brasília, encontra-se o
“aparelho internético” de Dilma Rousseff. Segundo o jornal, quem cuida da atividade, que carrega certo ar de clandestinidade, é o jornalista Mário Marona. Como a história mudou, agora a “guerrilha” — ou, como vocês verão, o ataque com características de terrorismo virtual — conta com a colaboração de uma empresa chamada “Agência Pepper Comunicação”, que já trabalhou nas campanhas do próprio Lula e de Marta Suplicy, em São Paulo.
Segundo reportagem de Maria Lima, os militantes do “aparelho”, agora muito bem-remunerados, criam centenas de perfis para atacar adversários e defender Dilma de críticas nas chamada redes sociais: Orkut, Facebook, Twitter, entre outros. Na casa também funciona o site “Mulheres com Dilma”, criado pela Pepper, mas vendido ao público como se fosse uma página que reúne depoimentos espontâneos em favor da petista.
Caelum non animum mutant qui trans mare currunt: mudam de céu, mas não de espírito, os que cruzam o mar, disse o poeta latino Horário, um gigante! Ou por outra: somos sempre nós mesmos, pouco importa onde estejamos. Dilma cruzou o mar e resolveu fazer política no continente da legalidade. Mas o espírito, já tratei do assunto ontem, parece não ter mudado. Aquela vocação para a ação, como direi?, clandestina parece permanecer ou remanescer. Por isso ela mesma diz que já ter enfrentado desafios mais duros do que eleições…
Eu conheço muito bem o trabalho desses “perfis falsos” e das correntes organizadas. A sorte é que os três anos e nove meses de blog me deram certa experiência e sei como me defender do que considero uma variante do terrorismo virtual. Já classifiquei trabalho semelhante dos petralhas, como vocês bem sabem, de “Al Qaeda Eletrônica”. Não se contentam apenas em patrulhar a Internet e tentar sitiar a área de comentários dos blogs e do jornalismo online. Também cuidam do trabalho de difamação daqueles de que não gostam. E isso eu também conheço de cor e salteado — por isso, caras e caros, dispensem-se de me enviar comentários com o famoso “olha o que fulano disse de você…” Conheço todas as ofensas. Junte-se a esse trabalho clandestino o subjornalismo hoje regiamente financiado ou com dinheiro público ou com o dinheiro de colaboracionistas de olho em bons negócios. E a receita está dada.
Segundo informa o Globo, uma das preocupações dos guerrilheiros virtuais — ou, a depender da leitura que se faça, “terroristas virtuais” — é zelar pela reputação de Dilma Rousseff quando membro de organizações clandestinas. O objetivo seria combater “a política do medo”. Entendo: no encerramento de sua entrevista a jornalistas da Band, que foi ao ar ontem à noite, Lula exaltou o temperamento de Dilma, uma mulher sem rancores, sem ressentimentos, apesar, disse ele, de tudo o que sofreu. Lula não falou, claro, do que sofreram as pessoas e famílias vítimas das organizações a que ela pertenceu.
Esse trabalho de petistas na rede não é recente. Quem tem um blog que não comunga de certa metafísica influente o conhece muito bem. Na boca da urna, ele só está sendo intensificado. Com perfis falsos, a turma pretende zelar pela “Dilma verdadeira”.