Uma decisão da Justiça de Santa Maria, na região central do Estado, ameaça paralisar o policiamento motorizado da Brigada Militar em todo o Rio Grande do Sul.
Com a finalidade de evitar acidentes com as viaturas da corporação, a decisão, da juíza Denize Terezinha Sassi, aponta que somente policiais militares com curso especializado de motorista em situação de risco podem dirigir um carro da BM.
No entanto, atualmente, de acordo com o comandante-geral da BM, coronel João Carlos Trindade, poucos policiais possuem a preparação exigida.
— Ordens judiciais a gente cumpre. Mas, se os motoristas que não tiverem habilitação forem impedidos de dirigir, vai parar todo o serviço de policiamento e de bombeiros. Isso seria uma temeridade — afirmou Trindade.
Autora da ação contra o Estado do Rio Grande do Sul, a Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar tenta há três anos colocar em vigor alguma medida para proteger os servidores que dirigem viaturas.
Segundo a entidade, o motivo da ação é o alto número de acidentes envolvendo os condutores dos veículos. Entre oito e 10 PMs teriam morrido em dois anos em consequência de suposto despreparo ao volante para situações de risco, conforme o presidente da associação, soldado Leonel Lucas.
— A Brigada, infelizmente, nunca deu o curso. Somos punidos por desatenção e temos de indenizar o Estado quando há danos às viaturas. Esses dias, um policial estava perseguindo um assaltante e bateu em um poste. Ele pegou dois dias de detenção por desatenção e está sendo cobrado em R$ 32 mil. A intenção é parar com toda essa aberração — afirmou o dirigente.
Apesar de entender que a situação prejudicaria o policiamento, Lucas não concorda que a associação seria a culpada por um colapso no policiamento motorizada.
— A culpa não é nossa. A culpada é a administração — afirmou.
Como o comando da BM ainda precisa ser notificado pela Justiça, o que deve ocorrer na terça-feira, Trindade afirma que aproveitará o feriado para buscar uma solução ao problema, conseguir mais tempo ou arranjar uma reunião com a magistrada. Ele evitou críticas à juíza, mas questionou a iniciativa da Associação de Cabos e Soldados.
— A associação não veio falar comigo, não apresentou uma proposta de treinamento, não trouxe documentação mostrando o problema. Ingressaram em juízo, simplesmente.
ZERO HORA